Há aproximadamente dois anos um pequeno terreno com pouco mais de 100m² no centro da capital paranaense despertou o interesse do cicloativista e coordenador da CicloIguaçu (Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu), Goura Nataraj e seus companheiros. Às sombras de um edifício desocupado no centro histórico da cidade, na esquina das ruas São Francisco e Presidente Faria, a área estava numa região curiosamente tão valiosa quanto negligenciada, bem em frente à um dos pontos de encontro de ciclistas mais conhecidos de Curitiba, a Bicicletaria Cultural.
A ideia dos ativistas era transformar o terreno abandonado numa praça do ciclista, mais ou menos como aconteceu na Avenida Paulista, em São Paulo. Informados que o espaço pertencia ao poder público, recorreram à prefeitura. A ideia foi bem recebida pelo executivo municipal, porém não saiu do papel na primeira tentativa.
O coordenador da CicloIguaçu persistiu e recorreu novamente à prefeitura, porém com uma proposta mais ousada – além de ceder o espaço e o projeto original, o município disponibilizaria material de construção como pedras, areia, cimento e tijolos, cabendo aos ativistas mobilizar, em forma de mutirões, a mão de obra.
A proposta foi aceita pela prefeitura e, a partir de então, diversas discussões, reuniões e assembleias foram organizadas para reunir colaboradores e decidir o como as intervenções aconteceriam.
Construção coletiva
A partir da terraplenagem realizada pela prefeitura, diversas intervenções já ocorreram na praça, o que, para Goura, torna explícito o sentimento de amor dos cidadãos pelo espaço que ocupam. Diversos grupos participam ativamente dos mutirões, marcados preferencialmente para os finais de semana. Homens, mulheres, crianças, prostitutas e mendigos aparecem por lá com certa frequência. “Não queremos criar um espaço higienista, queremos uma cidade mais agradável para todos”, afirma democraticamente o diretor da CicloIguaçu.
Zona 30
Além da construção da praça, o grupo também passou a cobrar ações de traffic calming na região, reivindicando que o trecho onde a praça está localizada seja fechado para o trânsito de veículos automotores, além da criação de uma Zona 30 (região de grande concentração de pedestres onde o tráfego de veículos não deve ultrapassar o limite de 30km/h) no centro da cidade.
A expectativa é que o espaço disponha de um muro como suporte para artistas, paraciclos, ponto de recarga para bicicletas elétricas, bomba para encher pneus, serviço aberto de conexão com a internet, canteiros com plantas e a manutenção das ruínas de um antigo muro, como registro histórico das transformações no espaço urbano.
Via Mobilize